IA na SST: Caminho para a evolução

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| 27/10/2025

Inteligência Artificial já é realidade na Saúde e Segurança do Trabalho e pode ajudar a melhorar a área

Reportagem Especial de Marla Cardoso | Revista Proteção

A IA (Inteligência Artificial) está presente hoje em praticamente todas as áreas da vida, com a aplicação em recursos que utilizamos diariamente. Na Saúde e Segurança do Trabalho não é diferente. Ela tem a capacidade, por exemplo, de analisar rapidamente milhares de documentos, cruzar informações ocupacionais, identificar não conformidades, sugerir medidas preventivas, antecipar riscos a partir de dados coletados em tempo real e até agilizar a elaboração de relatórios. Os benefícios desta utilização são mensuráveis: agilidade nos processos, maior precisão, gestão inteligente de dados, redução de custos e conformidade legal facilitada. Isso destacando apenas algumas potencialidades.

A verdade é que a IA promete transformar a forma como profissionais de SST lidam com dados, riscos e processos legais. Mas, apesar dessa capacidade, sua adoção enfrenta desafios. Entre eles, a resistência cultural das organizações, a necessidade de aprender a incorporar a tecnologia ao dia a dia, além das preocupações com ética, privacidade e proteção de dados. Para os profissionais que ainda não recorrem a essa tecnologia, a recomendação é iniciar de forma gradual e planejada, adotando soluções simples, como ferramentas de inteligência artificial já integradas em softwares da área. Só depois, a dica será evoluir para recursos mais avançados, sempre com atenção às exigências legais. Aos que ainda resistem, um recado: a IA já é uma realidade na SST e vem ajudando a melhorar a área.

Conceitualmente a Inteligência Artificial é um ramo da tecnologia que busca criar sistemas capazes de executar tarefas que normalmente exigiriam raciocínio humano. Isso inclui reconhecer padrões em grandes volumes de dados, aprender com experiências anteriores, interpretar informações complexas, tomar decisões automatizadas e até prever cenários futuros. Na prática, a IA não se limita a seguir comandos programados, ela evolui à medida em que processa novas informações, tornando seus resultados cada vez mais precisos.
Diante dessa capacidade, vem ganhando cada vez mais espaço em todas as esferas da vida. No cotidiano fazemos uso dessa ferramenta, muitas vezes, sem nos darmos conta: utilizando assistentes virtuais por comando de voz, sendo atendidos por chatbots 24h no comércio virtual, acessando aplicativos no trânsito que calculam rotas em tempo real, fazendo reconhecimento facial ou sendo impactados pela recomendação de filmes e músicas com base no histórico das plataformas de streaming. Apenas algumas das centenas de aplicações da IA no dia a dia.

Embora pareça um fenômeno recente, ele já ultrapassa meio século. Data precisamente de 1950, quando o matemático e cientista da computação Alan Turing publicou o artigo Computing Machinery and Intelligence, no qual propôs o famoso Teste de Turing. O experimento sugeriu verificar se uma máquina poderia se passar por um humano em uma conversa. Mais tarde, em 1956, o termo “inteligência artificial” foi utilizado pela primeira vez em uma conferência internacional para descrever o objetivo de criar máquinas que pudessem exibir inteligência semelhante à humana. Desde então, a IA só evoluiu, com aplicação em basicamente todas as áreas da vida, incluindo na Saúde e Segurança do Trabalho.

MODELOS
Doutoranda em Tecnologias da Inteligência e Design Digital com foco em Inteligência Artificial Generativa na Educação para o Trabalho, empresária à frente da Trampolean, atuando no letramento em IA para líderes, Fabiana Raulino explica que são diversos os tipos e utilizações de IAs (Veja mais no quadro Tipos de IA e aplicações, na página seguinte). Entre as mais tradicionais, a Preditiva classifica e analisa dados atuais ou históricos permitindo identificar padrões, antecipar comportamentos e prever eventos futuros. Na SST, esse modelo pode colaborar, por exemplo, para antecipação de acidentes, analisando padrões de riscos, investigando registros de incidentes para prever áreas críticas de segurança ou mesmo prevendo doenças ocupacionais a partir do histórico de saúde do trabalhador. Mas esse é apenas um tipo.

Além de classificar ou analisar dados, a Inteligência Artificial também passou a aprender a partir de bancos de dados imensos e se tornou capaz de criar textos, imagens, códigos, sons e até vídeos com a chamada IA Generativa. “Em 2017, a publicação de um artigo do Google apresentou o Transformer, uma arquitetura de redes neurais que revolucionou a forma de processar linguagem. Esse avanço abriu caminho para os Large Language Models (LLMs), grandes modelos de linguagem que conseguem aprender a partir de bancos de dados. A máquina aprendeu a falar como os humanos e, com um comando (prompt), sem se preocupar com formato ou linguagem de programação, passou a conseguir executar uma tarefa”, explica Fabiana.

Recentemente, em 2022, com a popularização da IA Generativa, essa tecnologia chegou às mãos do público de forma massiva através de modelos como o conhecido ChatGPT. “Pense no impacto disso em setores como Saúde e Segurança, historicamente burocráticos, cartoriais e extremamente dependentes de dados para justificar decisões. Até pouco tempo, era preciso uma equipe inteira de analytics para comprovar, por exemplo, em que ponto a prevenção fazia sentido. Hoje, temos IA que preenche automaticamente documentos, acelerando processos repetitivos e operacionais que antes consumiam horas de trabalho. Há Inteligência Artificial que permite, literalmente, conversar com relatórios e bases de dados, transformando um mar de informações complexas em respostas claras, rápidas e acessíveis. Isso cria uma mudança estrutural na forma como trabalhamos, comunicamos e tomamos decisões em áreas críticas para a sociedade”, garante a especialista.

Confira a reportagem completa na edição de outubro da Revista Proteção.