Mulheres à obra: cresce número de operárias na construção civil do DF

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| 08/03/2024

Participação feminina no setor da construção civil do DF cresceu, aproximadamente, 52,3% entre os anos de 2012 e 2021, segundo o Sinduscon

O setor da construção civil é predominantemente ocupado por homens. Porém, o cenário mudou, especialmente na última década. As mulheres têm conquistado espaço e estão cada vez mais presentes na construção de empreendimentos, seja ocupando cargos de liderança, em posições de gestão, como também no canteiro de obras, literalmente “colocando a mão na massa” em cima de andaimes e em meio a tijolos, concreto e areia.

Dados divulgados no último Boletim Econômico da Construção Civil, elaborado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF) e pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do DF (IPEDF), em março de 2023, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher (8/3), registraram que o número de mulheres que trabalham no setor cresceu, aproximadamente, 52,3% entre os anos de 2012 e 2021.

Em 2012, as mulheres representavam 9,1% da mão de obra do setor e, em 2021, esse valor passou a ser de 17,1%.

Mirelle Antunes Corrêa, engenheira civil e empresária, é vice-presidente do Sinduscon-DF e diretora do Serviço Social da Indústria da Construção do DF (Seconci-DF). Ela acredita que o número de mulheres na construção civil deve crescer de forma ainda mais consistente nos próximos anos, já que o número de profissionais qualificadas e capacitadas vem aumentando.

“Ficamos muito felizes com esse avanço. É importante enfatizar que para essa inserção no mercado de trabalho, também é necessário ter uma rede de apoio. Na maior parte, essas mulheres são mães, precisam de creches e apoio social e temos nos preocupado com isso”, explicou Mirelle.

A vice-presidente do sindicato destaca que as mulheres têm sido mais requisitas do que os homens para atividades que exigem maior paciência e precisão, como acabamento fino e pintura, pelo fato de demonstrarem maior cuidado estético, com foco nos detalhes.
“O Sinduscon trabalha com programas e cursos de capacitação. As mulheres ocupam, hoje, postos de trabalhos em diversos segmentos da construção civil. Principalmente em áreas capacitadas e em cargos de liderança, além dos serviços em canteiros de obra. Nós queremos, realmente, ser uma indústria cada vez mais desejada e onde as mulheres sejam acolhidas, recebidas e que tenham a oportunidade de crescimento”, salientou.

Oportunidade

Quem está nos canteiros ressalta que ainda há muito o que fazer e, apesar dos avanços, existe um caminho de conquistas pela frente.

Ana Petronilia de Sousa Pereira, 38 anos, trabalha como servente de obras num empreendimento no Park Sul e não consegue se ver longe da construção civil.

“Trabalho na empresa Base Incorporações há três anos . Através do meu trabalho na construção civil, consegui desenvolver interesse em várias outras áreas. Tenho três filhos, dois netos e, hoje, vivo uma expectativa de vida melhor”, conta ela.

Mais do que uma excelente profissional, ela mostra que é possível correr atrás dos seus ideais e, mais do que isso, servir de exemplo para outras mulheres.

“Terminei os meus estudos, comecei um curso para me tornar técnica em segurança do trabalho e pretendo continuar nessa área para ajudar outros colegas de profissão. Não quero parar por aqui e vou continuar”, acrescentou a servente.

Qualificação de mulheres no GDF

Trabalhar na área braçal da construção civil sempre exigiu muito esforço físico, por causa disso criou-se um mito de que canteiro de obras não é lugar para mulheres. Mas, no Programa de Qualificação Profissional Renova DF do governo local (GDF) , a realidade também tem sido bem diferente, 65% dos alunos formados no programa são do gênero feminino.

Nathália Cardim | Portal Metrópoles