O calor e o câncer de pele

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| 19/12/2023

Como as altas temperaturas e a exposição ao sol pode ser fatores determinantes na aparição de doenças e por que a prevenção deve ser feita pelas empresas nos canteiros de obras

Assessoria de Comunicação Social do Seconci-DF

O Distrito Federal teve recorde de temperatura em 2023. De acordo com Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), a capital federal registrou 37,2ºC, um dos mais altos índices já registrados na história. Com isso, é preciso atenção e cuidado com os trabalhadores que exercem suas funções ao ar livre, como é o caso da construção civil.

As empresas devem ficar atentas com o ambiente laboral e com os esforços para que os trabalhadores tenham segurança, proteção e saúde. São vários os meios possíveis que podem aliviar a sensação de calor como redução da jornada nos picos de calor, distribuição de protetor solar e disponibilização de tendas em áreas onde seja possível.

A Supera Engenharia foi uma das empresas que fez modificações em alguns canteiros para amenizar o calor. De acordo com o técnico de segurança do trabalho, Luiz Rubim, esse cuidado foi fundamental nos picos de calor. “Algumas medidas, além do uso de EPIs, na época do calor extremo, adotamos pausas e intervalos intermitentes. Além disso, usamos tendas para atividades que pudessem ser remanejadas para preservar a saúde dos nossos colaboradores”, cita Rubim.

Assim como a Supera, A Soltec Engenharia disponibiliza protetor solar na entrada dos canteiros e reforça o cuidado e atenção com a saúde dos trabalhadores que necessitam ficar expostos ao sol. “O protetor é bom porque evita doenças como câncer e raios ultravioletas. Como estou na maioria do tempo no sol, esse cuidado e atenção da empresa ajuda para que possamos trabalhar e ter segurança durante o dia de trabalho”, conta , Gabriel Rodrigues dos Santos, carpinteiro da Soltec Engenharia.

Todas as empresas consultadas pelo Seconci-DF atuam na prevenção e cuidados com os trabalhadores expostos ao sol. Seja na distribuição de protetores solares, conforme exigido pela Convenção Coletiva de Trabalho da Construção (CCT), seja no uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) como a touca árabe. Outro item que deve ser motivo de atenção é a disponibilidade de bebedouros conforme descrito na Norma Regulamentadora 18.

A gerente de segurança do trabalho do Seconci-DF, Juliana Moreira de Oliveira, explica que os canteiros de obras precisam ter bebedouros espalhados pelos ambientes de trabalho conforme o número de pessoas no local. “É importante que as empresas forneçam protetor e agua potável para os trabalhadores na proporção de um bebedouro para cada 25 trabalhadores. Além disso, esses bebedouros precisam estar em locais estratégicos onde não haja deslocamentos mais dos que 100m na horizontal e 15m na vertical.”, explica Juliana.

Na Construtora Soltec, a preocupação com os trabalhadores durante a onda de calor, fez com que as equipes de segurança do trabalho da empresa ficassem atentas aos cuidados e disponibilização de EPIs adequados. “Na nossa empresa, quando pronunciamos a palavra saúde e segurança, não ficamos na retórica. Quando disponibilizamos esses Equipamentos de segurança como protetor e touca, estamos nos preocupando com a saúde e segurança de todos da empresa”, fala Lincoln Nasser, técnico de segurança do trabalho da Construtora Soltec.

Mais do que a onda de calor, é preciso que as empresas e entidades representativas do setor da construção se atenham ao fato de que a exposição ao sol gera problemas de saúde que podem ir de insolação até câncer de pele. E esse cuidado com o câncer de pele está em destaque durante o último mês do ano, em função da campanha da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), o Dezembro Laranja – Mês de Prevenção ao Câncer de Pele.

DEZEMBRO LARANJA

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) faz campanhas de prevenção ao Câncer de pele desde 2009 e, a partir de 2014, com a popularização dos meses coloridos, foi criado o Dezembro Laranja – Mês de Prevenção ao Câncer de Pele, doença que ocupa o primeiro lugar entre os tipos de canceres, com 33% de todos os diagnósticos dessa patologia no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Anualmente, são registrados cerca de 185 mil novos casos. Destes, 177 mil são carcinomas basocelulares e espinocelulares, os menos letais, e 8,4 mil são de melanoma, o mais agressivo.

O dermatologista da SBD, Eduardo Oliveira, conta que os trabalhadores expostos ao sol enfrentam riscos significativos para a saúde da pele e geral em função das ondas de calor que estão ocorrendo nos últimos tempos. Ele conta como as empresas podem aliviar os riscos e aumentar os cuidados. “As empresas podem adotar várias estratégias para proteger seus funcionários, tais como ajustes de horários, modificando os horários de trabalho para períodos cm menor incidência solar; estruturas de sombra, instalando tendas, toldos ou áreas cobertas, fornecimento de protetores solares; treinamentos sobre saúde no trabalho e políticas de hidratação”, nomeia Oliveira.

O gerente médico do Seconci-DF, Maurício Carvalho Nieto, explica a diferença entre os principais tipos de canceres de pele e ressalta a importância da prevenção e das medidas que evitam o surgimento da doença. “O câncer de pele tem três tipos: o basocelular, o espinocelular e o melanoma. As características do melanoma são pintas que surgem na pele, manchas escuras nas unhas e no couro cabeludo. Dos três, o melanoma é o mais agressivo e com mais chances de metástase”, fala Maurício.

PREOCUPAÇÃO NACIONAL

Não é só no DF que a preocupação com a onda de calor e com os trabalhadores da construção se tornaram pauta de discussão entre as entidades representativas. Em São Paulo, Seconci-SP (Serviço Social da Construção), Sinduscon-SP (Sindicato da Construção) e Sintracon-SP (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo) realizaram uma campanha incluindo a emissão de comunicado conjunto, com recomendações para a preservação da saúde dos colaboradores das empresas nos canteiros de obras.

Confira as recomendações feitas e como usá-las na sua empresa e nos canteiros de obras:

  • Fornecer protetores solares, exigência prevista nas Convenções Coletivas de Trabalho.
  • Fiscalizar se os empreiteiros estão fornecendo protetor solar.
  • Conscientizar os trabalhadores sobre o uso adequado do protetor solar.
  • Hidratação é fundamental! Disponibilizar, de forma regular e abundante, água potável para os colaboradores, atendendo ao disposto na Norma Regulamentadora (NR) 18: para cada 25 funcionários, deve haver um bebedouro, com água filtrada e fresca. Para utilizá-lo, o funcionário deve se deslocar menos de 100 metros na horizontal e 15 metros na vertical. Se a água for servida em recipiente, ele deve ser portátil e hermético. É proibido o uso de copo coletivo.
  • Conscientizar os colaboradores sobre a importância de se hidratar frequentemente.
  • Providenciar proteção para nuca e orelhas, para trabalhadores expostos ao sol.
  • Incluir recomendações sobre estes cuidados nos Diálogos Diários de Segurança (DDSs), enfatizando: bebidas alcoólicas não hidratam, ao contrário: desidratam; uso adequado de EPIs e de protetor solar.
  • Instalar, se possível, tendas para descanso e hidratação nas fases iniciais da obra, quando há muita exposição ao sol, na ausência de área sombreadas.
  • Evitar superlotação dos vestiários e refeitórios, fracionando horários, como foi feito na pandemia.
  • Instalar ventilação mecânica nos refeitórios. Climatizadores umidificadores não são recomendados, devido ao risco de umedecerem os uniformes e provocarem micoses.
  • Adotar ventilação natural cruzada, se possível.
  • Melhorar a ventilação nos vestiários, seguindo as disposições da NR 18.
  • Aplicar tintas claras e reflexivas sobre as estruturas das áreas de vivência, se possível.
  • Ajustar os horários de trabalho, se possível, para evitar exposição ao sol nas horas mais quentes do dia, a critério da empresa, principalmente entre 12h e 13h.
  • Dar atenção especial aos colaboradores mais suscetíveis ao calor – como os que têm hipertireoidismo, diabetes, obesidade, ansiedade –, bem como a idosos e mulheres grávidas.
  • Considerar a aquisição de novos uniformes com tecidos mais leves.
  • Em função das fortes rajadas de vento, encunhar as estruturas com madeira até a execução definitiva da alvenaria.
  • Impedir o acúmulo de águas paradas nos canteiros de obra, para evitar a proliferação de mosquitos que transmitam dengue, zika e a chikungunya.
  • Realizar avaliações e monitoramentos constantes das condições de trabalho, para identificar melhorias e ajustes que se façam necessários.

Com informações do Seconci-SP, Sinduscon-SP, Sintracon-SP e SBD