Neste ano, 40 mulheres serão atendidas com o procedimento nos hospitais regionais de Taguatinga e de Ceilândia
A professora Fernanda Augusto Ferreira, 45 anos, será uma das mulheres atendidas no mutirão de reconstrução de mama no Hospital Regional de Taguatinga (HRT) deste ano. Moradora de Samambaia, ela descobriu o câncer de mama em outubro de 2021 após perceber a retração da mama esquerda. Pouco depois, começou o tratamento na rede pública de saúde e passou pela cirurgia de remoção. Agora, será atendida com a reconstrução, que visa a simetrização das duas mamas.
“Não é fácil lidar com a mutilação. Por mais que eu tenha recebido a prótese no mesmo momento (da cirurgia), toda vez que me olho no espelho, vem um turbilhão de lembranças. Acredito que, quanto mais natural ficar, com certeza, afastará a ideia da mutilação, de você perder uma parte do seu corpo”, compartilha Fernanda, que reconhece a importância do autoexame e da busca por tratamento precoce. “A gente tem que conhecer o nosso corpo, olhar no espelho mesmo, comparar uma mama com a outra, prestar atenção nas alterações. Isso foi decisivo no meu caso. Se eu não tivesse percebido, se tivesse deixado passar, talvez a doença tivesse avançado e o desfecho poderia ter sido outro”, relata.
O mutirão de reconstrução de mamas faz parte da campanha Outubro Rosa, promovido anualmente pelo Governo do Distrito Federal (GDF), e tem o objetivo de contribuir para o resgate da autoestima e da autoconfiança das pacientes. Neste ano, serão atendidas com o procedimento 30 mulheres no HRT, entre 16 e 21 de outubro, e mais 10 no Hospital Regional de Ceilândia (HRC), entre 23 e 28 do mesmo mês. Outras unidades de saúde devem anunciar a realização de cirurgias em breve.
A cirurgiã plástica Izabelle Montanha, Referência Técnica Distrital (RFT) de Cirurgia Plástica, afirma que o mutirão surgiu para devolver às pacientes uma parte tomada pela doença. “Para a mulher, a mama é muito importante, é o que dá identidade feminina para a paciente. E o tratamento não tira só a mama: a quimioterapia faz o cabelo cair, enfraquece as unhas, deixa a pele seca. Então, quando a gente faz a reconstrução e consegue devolver pelo menos uma parte, para que ela coloque uma roupa e se sinta bem, é muito gratificante”, afirma ela, que participa do mutirão desde 2016, quando foi realizada a primeira edição.
A vendedora Cristiane Rosa, 44 anos, será uma das beneficiadas com o mutirão e recebeu a boa notícia nesta terça-feira (3). Moradora de Samambaia, ela passará pela mastectomia e pela reconstrução mamária. “Costumo dizer que o processo do câncer de mama mexe em duas áreas primordiais para a mulher – o cabelo e as mamas. Quando eu estava sem cabelo, não me olhava no espelho, avalie sem a mama. Agora, tenho a segurança de que vou fazer a cirurgia e sair de lá melhor do que entrei”, celebra. “A minha vida, agora, se resume a antes e depois do Outubro Rosa”, completa.
Assim como Fernanda, Cristiane descobriu a doença devido à retração de uma das mamas. “A minha mama era de um jeito e, de repente, ficou de outro. Isso me deu o alerta de que alguma coisa estava errada, mas, na correria do dia a dia, demorei a procurar atendimento”, conta. Cerca de oito meses após a suspeita, ela começou a fazer exames e recebeu o diagnóstico. A vendedora ressalta a importância de se autoexaminar e de confiar no processo. “Tenham fé, a batalha é difícil mas não é impossível, quando temos fé e perseverança conseguimos.”
Diagnóstico precoce
Detectar o câncer de mama nas fases iniciais aumenta as chances de tratamento e cura. É importante que a mulher esteja atenta aos sinais, faça o autoexame e busque os exames de rastreamento. Os principais indícios da doença, conforme o Ministério da Saúde, são “retrações de pele e do mamilo que deixam a mama com aspecto de casca de laranja; saída de secreção aquosa ou sanguinolenta pelo mamilo, chegando a sujar o sutiã; vermelhidão da pele da mama; pequenos nódulos palpáveis nas axilas e/ou pescoço; inversão do mamilo; inchaço da mama e dor local”.