
“Equipamento de proteção individual é, muitas vezes, a última e única barreira entre o trabalhador e o acidente.” A afirmação do diretor executivo da ANIMASEG, Raul Casanova Júnior, sintetizou o alerta que marcou o Painel Técnico “Qualidade, Conformidade e Performance: o olhar do fabricante sobre os equipamentos de segurança”, realizado nesta quarta-feira (8) durante a Semana CANPAT Construção 2025.
Mediado por Haruo Ishikawa, vice-presidente do Sinduscon-SP e coordenador do Grupo Estratégico de SST da CPRT/CBIC, o encontro trouxe uma reflexão sobre a importância da fabricação responsável, da fiscalização e do uso correto dos EPIs como pilares essenciais para reduzir acidentes e fortalecer a cultura de segurança nos canteiros de obras.
Raul Casanova apresentou um panorama do setor e enfatizou que o Brasil conta hoje com cerca de 102 milhões de trabalhadores, sendo que mais de 80% não têm orientação em segurança do trabalho. “Temos um contingente enorme de pessoas sem qualquer orientação técnica, e em muitas pequenas empresas não há sequer um profissional habilitado na área. Isso significa que milhões de trabalhadores estão expostos sem suporte adequado”, alertou.
O especialista destacou ainda que 98,5% das empresas brasileiras têm até 50 funcionários e, pela legislação atual, não são obrigadas a manter profissionais de segurança do trabalho. “É uma realidade preocupante. Não há controle de risco, nem treinamento. Por isso, defender o uso de EPIs de qualidade é fundamental para reduzir acidentes”, afirmou.
Segundo Casanova, a ANIMASEG, entidade que reúne 170 empresas responsáveis por 80% do mercado nacional de EPIs, tem atuado há mais de quatro décadas para elevar o padrão de qualidade, conformidade e performance dos produtos, alinhando as normas brasileiras às internacionais. “Trabalhamos para que o EPI brasileiro siga as mesmas referências técnicas de países com alto nível de exigência. A régua da qualidade precisa subir, não descer”, defendeu.
Durante a apresentação, ele também explicou a evolução do sistema de certificação e fiscalização dos equipamentos, que desde 2021 passou a ser gerido diretamente pelo Ministério do Trabalho, em substituição ao modelo anterior do Inmetro. A mudança, segundo ele, aumentou o rigor nos processos e garantiu avaliações mais frequentes, considerando não apenas o produto, mas também o sistema de gestão das empresas fabricantes.
Raul Casanova chamou atenção ainda para a responsabilidade dos empregadores na escolha e na compra dos equipamentos. “O EPI precisa ser adequado ao risco e ao trabalhador. Não pode ser comprado apenas pelo menor preço. Quando o foco é o custo e não a proteção, todos perdem, o fabricante sério, o empregador e, principalmente, o trabalhador”, afirmou.
Para Ishikawa, discutir qualidade e conformidade é essencial para consolidar a cultura de segurança. “O EPI é indispensável no dia a dia das obras. É preciso reforçar a importância de escolher bem, usar corretamente e fiscalizar constantemente”, destacou.
Promovida pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em parceria com o Serviço Social da Indústria (Sesi), a Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT/MTE) e o Seconci Brasil, a Semana CANPAT Construção 2025 acontece até 10 de outubro, reunindo especialistas, autoridades e representantes da indústria para debater práticas e políticas voltadas à saúde, ao bem-estar e à segurança dos trabalhadores da construção civil.
A transmissão completa do painel está disponível no canal da CBIC no YouTube.
O tema tem interface com o projeto “Conhecimento, Segurança e Saúde no Trabalho da Indústria na Construção”, da Comissão de Política de Relações Trabalhistas (CPRT) da CBIC, com a correalização do Serviço Social da Indústria (Sesi).
Agência CBIC